Luís Januário, por Robert Walser

No Marktplatz voltei a entrar no café. A turva motivação que me impelira à viagem não se simplificava. Quando Vila-Matas esteve em Herisau foi de Doutor Pasavento e este, embora em vão, fez-se passar por um médico espanhol, um tal Ingravallo. Levava duas daquelas mulheres sem idade nem corpo que de vez em quando aparecem nos seus livros e que, neste caso, o pareciam secretariar. Eu tinha ido com o meu homem exterior, ou com aquele inimigo que julga conhecer-me e que agora, no café alemão, enquanto espero quem prepare um refresco, pergunta baixinho, com um ódio inesperado:

– Terás tu o dom da humildade?

«A humildade em Herisau»: o último avatar do rastro crescente de Walser na literatura contemporânea. Sem mais comentários.

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