ja’pu’vawqoy


puqloDwI’ ja’pu’vawq Dayep
pe’vIl chop Ho’Du’Daj; pe’vIl Suq pachDu’Daj
Ha’DIbaH puv juchyub yIyep
bInDepSuHach vaQeHmuS ghombe’ DanIDjaj

‘etlhDaj veSpatlh HujtaH ghopDaj–
jagh HoSlaw’ law’ veqlargh Hos puS! nIteb nej nI’
vaj Sor tamtam, ghaH retlhDaq Qam
nI’be’ leSlI’ ghah (Sor retlhDaq) ‘ej ghaH QublI’

Tradução (incompleta) para o idioma do Império Klingon por Keith Lim

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Chabbawaaki

Bilillik onahma_, tofi alhiihat waybi no_tama_
Kayli-chah kimbala-sh ma_yattook.
Bolokoofat mimsit tahanah
Laalhi alhiilha moomat pit kalabattook.

Tradução fragmentária para choctaw (idioma dos nativos americanos dos estados do sudeste: Mississippi, Florida, Alabama e Luisiana) por Aaron Broadwell

«Aniversário», José Ángel Valente

Não compreenderás
para que é que voltei.
Talvez, aí deitada,
não compreendas
nada do que vive.
Voltei, apesar de tudo,
para falar-te outra vez.
(Está molhada
e limpa a colina.)
Ainda te vejo
com o rosto de sempre
e os cabelos, em seu reino
de fumo, algo encanecidos.
Não tenho olhos
para mais. Não és
talvez assim e é isso a morte.

Voltei para te falar.
Estou aqui. Não compreendes
nada. Esqueci-te
tanto e consegui
esquecer-te tão pouco.
Estou alegre: às vezes
não me recordo de ti
(também isso é a morte?).
Não sei se me compreendes,
nem sequer
se estás aqui ou deslizas
por um ar que nunca
pesou sobre a minha boca.

(A colina, apesar de tudo,
está quieta debaixo do céu
tal como dantes.)
Mas ouve-me se puderes.
Num dia como o de hoje
caiu a neve,
arrebatadora. Eu cumpro,
inutilmente, o rito. Mas não importa;
não podes compreender-me.
Tudo foi cortado.

Poema incluído em A modo de esperanza (1954). Tradução de OMS.

Adriano Scandolara: mais um louco por Joyce

Como é traduzir James Joyce?

Difícil, mas divertido (divertícil, pra ser um joyceano pedante). Digo, não sei o restante da obra de Joyce (imagino que o Ulisses, por exemplo, seja mais difícil e trabalhoso do que divertido), mas o Finnegans Wake é algo tão lúdico que a tradução, para mim, vira menos um ato de erudição e adequação a formas, normas ou outros tipos de expectativas, quanto me parece um ato de associação, algo livre, de conceitos, ideias, imagens e sons. O FW mesmo parece que encoraja isso… aí, na hora de traduzir, eu acabei me orientando menos pelo tanto de sentidos a serem enfiados no texto do que pelo ritmo. É óbvio que eles são importantes também – vide as referências bíblicas nos parágrafos segundo e quinto, ou as referências bélicas no quarto, que não devem ser descartadas pelo tradutor – mas eu não me recrimino de perder alguma referência mais obscura se for para deixar o texto com uma sonoridade melhor. Joyce, apesar de romancista, acredito que se aproxima muito da poesia, no FW, e o resultado é um texto que soa especialmente bonito quando lido, e seria uma pena perder isso na tradução.

Chama-se Adriano Scandolara e venceu há alguns meses o Concurso de Tradução Bloomsday, em boa hora criado pela Ateliê Editorial, a editora paulista que publicou, em cinco volumes, a tradução do Finnegans Wake para português, por Donaldo Schüler, uma obra que é além do mais uma preciosidade tipográfica. O concurso consistia em traduzir o trecho inicial do capítulo I da obra. Vale a pena ler toda a entrevista com o jovem premiado. E ler, já agora, a sua tradução. Porque Blooomsday é quando um homem quiser…

«Uma inscrição», de José Ángel Valente

Foi em Roma,
onde havia naquela época
grandes concentrações de capital
e massas operárias com escassas possibilidades de subsistir.

Os poetas não registaram o problema,
porque Roma deve ter sido uma alegre cidade
nos tempos de Nero,
Aenobarbo, parricida,
poeta de ínfima qualidade.

Alguns homens simples
envenenaram as fontes
e opuseram-se ao regime oficial.

Homens acaso como este
que jaz em paz,
trabalhador de humildes mesteres
ou, talvez, mercador. Um dia
foi-lhe comunicada
certa possibilidade de sobreviver.
(Ignora-se se foi sacrificado
por semelhante crime.)
Não obstante, morreu; quer dizer, soube
a verdade. Piedosamente
repito estas palavras
sobre a pedra escritas
com igual vontade:
«Alegre permanece, Tácio,
amigo meu,
ninguém é imortal».

«Una inscripción» integra o primeiro livro do poeta espanhol José Ángel ValenteA modo de esperanza, de 1954. Publico esta tradução em homenagem aos 4 anos do blog Do trapézio, sem rede, de Luís Filipe Parrado. Tanto mais que, ao que julgo, Valente não consta dos autores traduzidos no blog neste período.

Post Scriptum: «Lição de gramática», de Berta Piñan, por Luís Filipe Parrado